Ponto de Partida

Vou Voltar

VOU VOLTAR

No nascedouro da humanidade o mundo inteiro era nosso reino, imenso mapa sem fronteiras e nossas pernas eram o único passaporte necessário.

Eduardo Galeano

 

O novo espetáculo do Ponto de Partida, VOU VOLTAR, se debruça sobre a questão dos refugiados a partir de exílio do grupo de teatro mais antigo da América Latina.

O Ponto de Partida sempre perseguiu os temas que pudessem fazer de seus espetáculos de teatro um diálogo emocionado com seu público. Sempre rondou a alma humana, seus claros e escuros. Sempre buscou revisitar a memória para compreender o agora e inventar o depois. Sempre esmiuçou seu tempo histórico para aspirar o eterno. Seu novo espetáculo não foge a esses princípios.

VOU VOLTAR fala sobre as questões dos refugiados, das tantas fronteiras que nos catalogam e nos impedem de transitar. E, como antes de mais nada, nos interessam as pessoas, o espetáculo trabalha com sentimentos. O medo, a perda da identidade, o acolhimento, a rejeição, a coragem, a violência, as opções políticas e econômicas que impelem milhares e milhares de seres humanos a deixar suas casas e buscar refúgio, onde “ser possível viver” ainda seja um território alcançável.

E por lidar com sentimentos e não apenas com fatos, o espetáculo pertence a qualquer território humano onde as relações se estabelecem e se desfazem e se renovam.

Também, coerente com sua trajetória, ao invés de olhar para longe, o Ponto de Partida voltou seus olhos para perto, para dentro. Por isso todas as questões serão apresentadas a partir da história do grupo uruguaio El Galpón.

El Galpón, o mais antigo da América Latina, esta às vésperas de completar 70 anos de atividades ininterruptas e tem uma história inspiradora. Durante a Ditatura Militar, no Uruguai e em grande parte da América Latina, o grupo foi decretado ilegal. Seu teatro e todos os seus bens foram confiscados, seus principais atores proibidos de atuar, seus diretores presos e torturados. Soltos por pressão internacional, parte do grupo pediu asilo na embaixada mexicana e se refugiou no México, onde permaneceu por nove anos. O inusitado é que, mesmo exilados, eles se mantiveram em atividade como grupo de teatro. Cortaram o México de ponta a ponta fazendo espetáculos e apresentaram-se em 17 países. Depois de cada apresentação, denunciavam a situação política do Uruguai e da América Latina e construíram uma rede de solidariedade.

Quando voltaram, uma multidão lotou os 22 quilômetros que separavam o aeroporto, do Estádio Centenário, onde outras milhares de pessoas os esperavam.

Esta história comovente é o pano de fundo do espetáculo que também quer prestar uma homenagem aos milhares de artistas que foram perseguidos ao longo da História e se mantiveram firmemente ancorados às suas convicções, à poesia e a beleza, ao compromisso de reinventar e recontar a vida.

O espetáculo está fincado numa extensa pesquisa teórica e de campo. A base conceitual se estruturou sobre horas incontáveis de leituras e seminários conduzidos por especialistas. A investigação de campo aconteceu no Uruguai, com os protagonistas desta história, que a entregaram aos atores do Ponto de Partida em depoimentos comoventes. Também trouxemos do Uruguai farta documentação histórica. Muitas cenas do espetáculo carregam as palavras de Eduardo Galeano e Mário Benedetti, escritores uruguaios exilados e personagens da mesma luta.

VOU VOLTAR não se estrutura como um musical, mas é pontuado por canções latinas e brasileiras, algumas compostas especialmente para o espetáculo, por Pitágoras Silveira e Pablo Bertola, que também assina a direção musical.

Grandes baús são os únicos elementos que desenham a cena, materializando o contínuo movimento dos deslocamentos humanos, a perda das raízes e o permanente desejo de voltar.

 

A arte é um dos poucos territórios onde os povos se encontram e se equivalem. Aí não existe raça, nem preconceito, nem limites, nem barreiras de idioma, somos apenas seres humanos que, no ato de criar, se reconhecem criaturas da mesma espécie, pares, iguais.

ELENCO
Ana Alice Souza
Carolina Damasceno
Érica Elke
João Melo
Júlia Medeiros
Lido Loschi
Renato Neves
Ronaldo Pereira
Soraia Moraes

MÚSICOS
Pablo Bertola – Violão
Pitágoras Silveira - Piano

FICHA TÉCNICA
Concepção - Ponto de Partida
Texto - Mário Benedetti, Eduardo Galeano, depoimentos do El Galpón, Ponto de Partida.
Direção geral e dramaturgia - Regina Bertola
Direção musical - Pablo Bertola
Arranjos e trilha sonora - Pablo Bertola e Pitágoras Silveira
Preparação vocal - Babaya Morais
Cenário - Alexandre Rousset, Tereza Bruzzi e Ponto de Partida
Figurino - Alexandre Rousset e Tereza Bruzzi
Assistente de figurino - Beth Carvalho
Confecção de figurino - Ateliê Vera Viol
Cenotécnico - Sérgio Barbosa e Ana Paula Barbosa
Iluminação - Jorginho de Carvalho e Rony Rodrigues
Montagem - Rony Rodrigues, Ernando Souza e Ciro Belucci
Operação de luz - Rony Rodrigues
Criação gráfica - Pablo Bertola
Equipe de divulgação - Lido Loschi, Carolina Damasceno, João Melo e Érica Elke
Direção de produção - Pablo Bertola
Produção executiva – Fátima Jorge e Karine Montenegro
Assistente de produção - Eloisa Mendes e Cida Silva.
Administração - Dulce Dias e Fernanda Fróes
Fotos: Guto Muniz e Júlia Marcier

Júlia MarcierJúlia MarcierJúlia MarcierJúlia MarcierJúlia MarcierJúlia MarcierJúlia MarcierJúlia Marcier